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domingo, 10 de junho de 2012

Vodca (ou Vodka)

                                 DÉJÀ VU

         Uma das primeiras medidas de Mikhail Gorbachev quando assumiu o poder, em 1985, foi lançar uma forte campanha antiálcool. O problema, segundo os críticos, é que a medida mirou a produção de vodca, e não a questão de saúde pública. Fazendas foram dissolvidas e destilarias, quebradas. Mas a vodca ainda era monopólio estatal. Se há campanha contra a produção e o consumo, a renda do produto na forma de impostos, responsável por um quarto do orçamento, cai. Foi o que aconteceu. Novo fracasso contra o álcool. A produção de samogon voltou a crescer, detonando a saúde da população. "Na mesma época, o preço de outro produto-chave dos soviéticos entrou em colapso: o do petróleo", diz Schrad. Assim como 70 anos antes, imprimiram mais dinheiro, geraram uma nova superinflação e aceleraram o fim da URSS.

           Hoje a vodca não tem um papel tão central na economia do país, representando de 2 a 5% do orçamento. "Além disso, na atual campanha antiálcool de Medvedev, parece que os russos aprenderam que práticas culturais não podem mudar simplesmente com medidas de choque", opina Schrad. "A classe média tem trocado vodca por vinho", diz Herlihy. "Algumas atitudes estão mudando. Mas aumentar o preço não resolve o problema. Só vai fazer com que as pessoas voltem ao samogon ou a qualquer coisa com álcool, como fluido de refrigerador."

             O monopólio sobreviveu ao fim da URSS. Boris Yeltsin tentou, mas não conseguiu, acabar com ele. Nem a Rússia nem o presidente venceram a dependência do álcool. As bebedeiras de Yeltsin, morto em 2007, eram tão famosas que seu antigo chefe de segurança precisou negar uma afirmação feita em 2009 pelo ex-presidente americano Bill Clinton. Segundo Clinton, em 1995, Yeltsin, em visita oficial a Washington, foi visto de madrugada na rua, próximo à Casa Branca. Ele procurava por pizza. De cueca. Bêbado. 

Outras leis secas
Os americanos fizeram a fama, mas outros países proibiram o álcool antes

    ISLÂNDIA (1915-1935)

    Assim como outros países do norte da Europa, a Islândia foi marcada pela forte presença de grupos conservadores nos séculos 19 e 20. A cerveja só foi legalizada em 1989. Ainda hoje há restrições ao consumo nesses países.


   FINLÂNDIA (1919-1932)


      Assim como a Noruega, sentiu no bolso os efeitos da lei seca. Países como a França ameaçaram produtos escandinavos com o aumento de tarifas alfandegárias em represália ao banimento de suas bebidas. Com 70% de aprovação, o fim da lei foi decretado após 13 anos.

                                         ESTADOS UNIDOS (1920-1933)

       Foi aprovada para combater a pobreza e a violência causadas pelo alcoolismo. Mas resultou em bares clandestinos, 30 mil mortos por intoxicação, corrupção na polícia - e Al Capone. Ao menos, popularizou drinques que mascaravam o álcool de má qualidade, como o bloody mary.

        Afinal, a vodca é de quem?
     Diferentemente da cachaça, que é brasileira, alguns países brigam com a Rússia pela origem da vodca

      Na década de 1970, a Polônia, então um dos mais inquietos países sob o guarda-chuva soviético no contexto da Guerra Fria, passou a divulgar que a vodca é um produto típico do país - e não da União Soviética. O monopólio estatal polonês alegava que a bebida nasceu no antigo reino formado por Polônia e Lituânia no século 14. Portanto, o direito de usar comercialmente o nome "vodca" deveria ser exclusivo do país (assim como champanhe é só o vinho branco efervescente feito na região homônima da França e tequila é só o destilado de agave produzido em Jalisco, México). Em 1978, a URSS iniciou uma busca aos primórdios da vodca a fim de comprovar a origem russa dela. Quatro anos depois, um tribunal internacional deu a vitória aos soviéticos. Mas até hoje se discute onde o destilado mais consumido do mundo realmente nasceu. Além da Rússia e da Polônia, a Finlândia, antiga colônia russa e grande produtora de vodca, alega que a "aguinha" surgiu em suas terras. Mas quem realmente popularizou a bebida no Ocidente foi um inglês, que há 50 anos pede vodca martíni em bares do mundo todo: James Bond.

Toda a matéria você encontra em: http://super.abril.com.br/historia/como-vodca-criou-uniao-sovietica-677121.shtml

Um comentário:

  1. Embora as pessoas tenham um preconceito a respeito de bebidas destiladas (a inocente cervejinha pode, vodka não pode), a quantidade de alcool em uma dose de vodka (50 ml.) é praticamente a mesma de uma latinha de cerveja (350 ml.).
    Penso que não existe nenhum problema em beber. Jesus, não só bebia, mas incitava as pessoas a beber (transformou água em vinho).
    O problema é: quanto você bebe, quando você bebe e onde você bebe.
    Um abraço, fiquem com Deus.
    Welington.

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